Os imigrantes japoneses trouxeram ao Brasil o costume da realização anual do Undo-kai, mais conhecido entre nós como Gincana poli-esportiva. A princípio era realizado em comemoração ao Tencho-setsu – dia 29 de abril – data natalícia do Imperador Showa. O Imperador faleceu, mas ainda por um bom tempo a comunidade costumava realizar o Undo-kai em fins de abril, começos de maio. Hoje a confraternização faz parte do calendário de realizações das muitas associações da comunidade nipônica em qualquer época do ano.
Como toda a cultura japonesa, cuja essência pode ser resumida no WA – harmonia, o Undo-kai também é a prática do wa: em família, pela realização de competições para todas as idades; em comunidade, pela participação indiscriminadamente de raça, credo, etnia ou qualquer outro carácter distintivo do homem.
Em homenagem aos seus deuses, os antigos gregos iniciaram as competições esportivas na cidade de Olímpia. Acreditavam que poderiam cultivar a mente sadia em corpo sadio. Diferentemente destas competições, no Undo-kai não há vencedores notáveis. Não há atletas profissionais nem se objetiva a revelação de talentos individuais. Os prêmios são simbólicos, de pouco valor econômico – porque são adquiridos pela ajuda financeira da comunidade – têm mais o caráter de lembrança de participação do que de prêmio, mesmo porque ganham todos os participantes: dançarinas, tocadores de taikô, crianças demonstradoras de ginástica.
Nas provas são todos iguais; abandona-se o que se é fora do campo: não há ricos, pobres, doutores, patrões ou empregados – são todos participantes da gincana da grande família comunitária – na verdade, um eficiente pretexto que o japonês encontrou para desfrutar da companhia do próximo.
O importante não é vencer. É participar. Até no colo da mãe, de bengala ou cadeira de rodas.
E todos sabem que, mais importante do que participar, é construir o clima de harmonia, cordialidade e respeito, pois só nessa atmosfera o japonês sabe que o congraçamento e a confraternização serão possíveis.
“Mens sana in corpore sano”, disseram os gregos.*
“Homines sani in communitate sana”, diriam os japoneses.**
* Mente sã em corpo são.
** Homens sãos em comunidade sã.
Fonte: nipocultura
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